Sem título

Arquitecto e pintor, Carlos Calvet cotejou o grupo Os Surrealistas para, em seguida, desenvolver um singular paisagismo onírico. Nesta pintura não figurativa, recorrendo apenas a cores primárias, formas curvilíneas desenham focos de tensão espiralada e concentrada, de imbricação ascensional, da qual emergem formas cortantes e angulosas contrastantes, semelhantes a galhos ou garras amarelos. O referente figurativo, comum na prática pictórica do artista nestes anos, dilui-se significativamente nesta composição, cujos vermelhos e amarelos conferem uma dimensão fortemente expressiva, ligeiramente apaziguada pelo azul fundeiro no qual haverá que ver anteriores reminiscências do paisagismo.

Raquel Henriques da Silva


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